o sortuno
Assim que o vi, armei minha defesa com cara fechada e gestos imponentes. De praste me fiz de desinteressado, coisa que só demonstra o quão interessado estou na realidade.
Ele, quieto e calado, se quer olhava pra mim. Não que queira ser o centro das atenções, mas receber algo da pessoa que esperamos é tão gratificante.
O tempo passava e o silêncio permanecia.
Até que percebi o porque. Mas quando me dei conta já era tarde. Eu estava hipnotizado pelo doce perfume dele, pela forma delicada como mechia as mãos, pela expressividade de cada careta e pela sonoridade de cada som que ele tentava proferir pela boca.
Ah, seus lindos lábios que nunca serão meus. Eu queria tanto dizer o quão bonito ele era, mas não encontrei as palavras certas. Apenas quando era tarde demais, descobri que palvaras não seriam suficientes, pois no caso dele, os gestos são insubstituíveis.
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